Ontem proferi um comentário ao Jornal da tarde da Radio Mais - 99.1FM.
Por: QUINGURI F. Alexandre.
O comentário girou em torno da previsão do ministério das finanças em torno do PIB angolano para o ano em curso, percebe-se que, para o PIB não petrolífero, a previsão de crescimento foi de 5,2%. Ao meu ver, uma previsão ambiciosa, penso que o crescimento do PIB não petrolífero para o ano em curso não chegará a esse tanto.
Entretanto, no comentário busquei me focar na questão do crescimento %, onde, vejo muitos falharem, por confundirem crescimento % com crescimento produtivo.
Pra ser didático, resumidamente, é o seguinte:
Se temos uma economia composta por dois setores:
1) O não petrolífero;
2) O petrolífero.
Suponhamos que a economia no "ano 1" teve o PIB avaliado em 1000 Kzs, onde 800 Kzs (80%) foram provenientes do setor petrolífero e 200 Kzs (20%) provenientes do setor não petrolífero. Em termos porcentuais, a soma de ambos setores tatalizam 100%.
Se no ano seguinte ou "ano 2", a produção do setor petrolifero nesta econonia cai de 800 Kzs para 600 Kzs, e a do setor não petrolífero continua constante - 200 Kzs, veremos que, em termos porcentuais, a soma da contribuição dos dois setores continuará sendo 100% mesmo que, em termos monetários ou de produção, o total tenha caído de 1000 kzs para 800 kzs.
Ora vejamos:
Ano 1:
Margem de contribuição do PIB petrolífero - 80% (800 kzs)
Margem de contribuição do PIB não petrolífero - 20% (200 Kzs)
Total: 100% (1000 Kzs)
Ano 2:
Margem de contribuição do PIB petrolífero - 75% (600 kzs)
Margem de contribuição do PIB não petrolífero - 25% (200 Kzs)
Total: 100% (800 Kzs)
Repare que, no "ano 2", a contribuição em termos porcentuais do PIB não petrolífero, cresceu 5%, saindo de 20% no ano 1, para 25% no "ano 2", isso não significa que houve crescimento, ou mais produtividade, pois, sua produção total seguiu sendo 200 Kzs. O que houve, foi apenas um aumento na participação porcentual que se deu graças a contração verificada no crescimento do PIB petrolífero. Ou seja, não houve crescimento em termos reais. O recuo de um setor, dá a "ilusão de ótica" de que o outro cresceu, ou produziu mais.
Em função do exposto acima, facto que vem ocorrendo muito na economia angolana, muitos - uns por ignorância, outros (principalmente os políticos) com a sã consciência de enganar as pessoas, fazem interpretações equivocadas em torno dos números ou %'s, querendo levar-nos a percepção de que ouve crescimento, mesmo quando não.
É preciso ir além dos %'s.
Quinguri - 07/01/2022
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