Coronavírus (covid-19) segue se alastrando e matando desde o primeiro caso confirmado algures na China, entretanto, vale ressaltar que, dos 100% afetados até o momento, menos de 5% chegaram a óbito, outros 95%, simplesmente recuperaram. É um vírus mortal sim, contra factos não há argumentos, mas não é tão mortal conforme a mídia vem divulgando, botando o terror e fazer nutrir a sensação de medo entre as massas - embora o facto de não haver ainda uma vacina de prevenção ou erradicação da doença seja realmente preocupante. A tuberculose por exemplo, é uma doença mais letal e com poder de transmissão equivalente ou quiçá, maior que o coronavírus.

Uma análise recém-concluída mostrou que o H1N1, o vírus da gripe suína, é muito mais letal no Brasil do que o novo coronavírus demonstrou ser na China até agora - vírus da gripe suína contaminou 3.430 pessoas no país em 2019 e matou 23% delas; taxa de letalidade do Sars-CoV-2 no país asiático é de menos de 5%. Doenças/Vírus que assolaram alguns países do continente africano e asiático, como Marburg e o Ebola que também alcançaram níveis de contaminação além das fronteiras nacionais não chegaram a ter um terço da atenção da mídia internacional quando comparado ao atual Covid-19. 

Porque que o coronavírus virou manchete em jornais de todo mundo em tão pouco tempo? Simples, porque essa doença não atingiu apenas os 'miseráveis' africanos, asiáticos e alguns da américa latina, o Covid-19 pegou pesado, atingindo países do primeiro mundo - como a França, Itália, EUA, etc. Porque, ao contrário da fome, o Covid-19 não está afetando só as classes baixas da sociedade – vai além, atingindo até membros da elite.

Jornais do mundo todo diariamente reportam noticiais envolvendo a doença – a mídia está abarrotada de frases como: Novo caso de coronavírus é confirmado no país “X”; Pânico nos mercados por causa do coronavírus; Fronteira do país “X” reforçada por causa do coronavírus; OMS declara coronavírus como pandemia; Coronavírus afeta fronteira do país “X”; Bolsas ao redor do mundo registram quedas históricas por causa do coronavírus, etc.

Atualmente, a fome mata muito mais que o coronavírus, este 'câncer' que a cada novo dia ceifa milhares de vidas ao redor do mundo - principalmente crianças em países pobres. Laudos médicos comprovaram que o covid-19 é mais perigoso em pessoas com sistema imunológico deficiente. Idosos, pessoas desnutridas ou menos saudáveis são mais propensas a serem atingidas pela doença. Assim como o Covid-19, a fome é uma 'peste' que também carece de uma “vacina” para sua moderação ou erradicação. Entretanto, diferente do Corona, que é causado por um vírus, a grosso modo a fome é causada por vários fatores, dentre eles: Má governação, corrupção e conflitos civis.

Conforme a Organização das Nações Unidas, cerca de 820 milhões de pessoas em todo o mundo não tiveram acesso suficiente a alimentos em 2018, frente a 811 milhões no ano anterior, no terceiro ano consecutivo de aumento. O dado representa um imenso desafio para alcançar o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) número 2, que prevê fome zero até 2030, advertiu a instituição aos 07/2019 na edição do relatório anual - “O estado da segurança alimentar e da nutrição no mundo”.  Cerca de 155 milhões de crianças estão cronicamente malnutridas e poderão sofrer os efeitos do nanismo ao longo de toda a sua vida. A FOME CAUSA QUASE METADE DE TODAS AS MORTES DE CRIANÇAS EM TODO O MUNDO. Isso é intolerável”, enfatizou o chefe das Nações Unidas. Uma em cada nove pessoas no mundo não tem comida suficiente para se alimentar de forma adequada (principais afetados são os países pobres da África, Ásia e América latina). Tiagho Amâncio em Folha de São Paulo - 2019, frisou que 5.653 pessoas morreram de desnutrição no Brasil em 2017.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou nesta quarta-feira (11/03) que está em curso uma pandemia do novo coronavírus. O termo pandemia é usado para descrever uma situação em que uma doença infeciosa ameaça muitas pessoas ao redor do mundo simultaneamente, embora não seja necessariamente tida como doença, a fome/desnutrição é uma porta aberta para emancipação e propagação de várias doenças, dentre elas o Covid-19. Por uma questão de lógica, é justo considerarmos também a fome como uma pandemia a ser resolvida com urgência, pelo facto de ser uma fonte geradora de óbitos em larga escala ao redor do mundo.

Em meio a tudo que vem ocorrendo - será que estamos a fazer uma tempestade no copo de água? Acredito que não, é necessário estarmos atentos e a par de tudo que envolve o covid-19. Mas é necessário olhar para os outros problemas sociais que assolam o mundo e vêm matando muito mais que o coronavírus com igual ou maior atenção, a fome não atinge a elite e maior parte dos países do primeiro mundo – Talvez, por isso, a preocupação em torno da desnutrição nunca virou manchete nas demais cadeias televisivas internacionais, apesar de matar muito mais que o coronavírus.

Países mais pobres tendem a ter um número maior de pessoas desnutridas por causa da fome - fome causa desnutrição, desnutrição causa sistema imunológico deficiente, pessoas com sistema imunológico deficientes são os mais afetados pelo coronavírus. Literalmente, covide-19 será muito mais letal em países pobres, a lógica é a mesma para maior parte das doenças existente.

 

Obs:

Os termos "covid-19", "corona" e "coronavírus" foram usados como sinônimo no decorrer do texto;

Quando elenquei a fome como “peste”, “câncer” ou “doença que carece de uma vacina”, o fiz no sentido figurado.