Existem motivos pelos quais alguns países são ricos e outros são pobres — e tais motivos pouco têm a ver com a ‘exploração’ dos pobres pelos ricos (embora tal coisa indubitavelmente também ocorra). Há apenas um caminho para a prosperidade geral: divisão do trabalho, poupança e investimento. Países ricos são ricos porque, por meio de sua poupança e de seu investimento — ambos possibilitados pela divisão do trabalho —, acumularam uma grande quantidade de bens de capital per capita. Países pobres são pobres porque acumularam pouco capital. Por que há muita poupança, muito investimento e muito capital acumulado em alguns países e pouco ou quase nada em outros? Porque em alguns países há, ou houve no passado, um grau relativamente alto de proteção e de garantias à propriedade privada, ao passo que em outros países a propriedade privada está ou já esteve sob constantes ataques, seja por meio da tributação, da regulamentação ou do confisco direto. Onde a propriedade privada não está protegida, haverá pouca poupança e investimento.
Ademais, é essencial que um país ‘em desenvolvimento’ entenda que uma moeda forte e um sistema monetário sólido são também um aspecto essencial da segurança à propriedade. Países com histórico de inflação alta não atraem investimentos e nem permitem a formação de riqueza. Por isso, é de suprema importância entender a seguinte lei: um aumento na quantidade de papel-moeda criado pelo governo não pode — nunca, jamais — aumentar a riqueza social. Isso é uma impossibilidade física. Afinal, imprimir dinheiro significa apenas aumentar o número de pedaços de papel pintado na sociedade. Tal medida não cria um único bem de capital ou de consumo. Ela não aumenta o padrão de vida como um todo. Se fosse fácil assim, se mais dinheiro de papel pudesse produzir maior riqueza, simplesmente não mais haveria uma só pessoa pobre ao redor do mundo.
A única coisa que a inflação pode fazer — e de fato faz — é uma sistemática redistribuição da riqueza social já existente, redistribuição esta que se dá em prol do governo (que é o produtor do dinheiro) e de seus clientes mais imediatos (estatais, funcionários públicos e empresários com boas conexões políticas), e à custa daqueles que recebem este dinheiro por último — e que, ao receberem-no, já estão com seu poder de compra reduzido, pois os preços dos bens e serviços da economia já aumentaram em decorrência desta inflação monetária. Inflação monetária é o equivalente a roubo e confisco de renda, e os governos dos países ‘em desenvolvimento’ possuem o histórico de serem os piores agressores à segurança monetária de cidadãos e investidores.
Meu conselho aos países subdesenvolvidos: adquiram a reputação de ser um lugar que respeita a propriedade privada, um lugar em que a propriedade, inclusive o dinheiro, está garantidamente a salvo (pense na Suíça, por exemplo). Assim haverá uma chance de prosperar. Caso contrário, nada feito.

Por Dr Hans-Hermann Hoppe | 07 Novembro, 2012. Entrevista concedida ao Instituto Association for Liberal Thinking, da Turquia.