
| INFLAÇÃO E PODER DE COMPRA!
Nos últimos anos, constatou-se subidas
generalizadas nos preços dos bens praticados ou comercializados em Angola,
segundo o FMI, a
inflação chegou a 41% em Novembro de 2016, atualmente a inflação ronda os 19%, conforme o portal trading economics.
Maior parte dos trabalhadores
assalariados em Angola não tem tido direito a correção salarial ou dissídio. O
objetivo da correção salarial é repor o poder de compra que foi perdido no
período anterior (normalmente um ano) devido a inflação, contudo, essa
reposição nem sempre chega a cobrir 100% da depreciação causada pela inflação.
Tomamos como exemplo, Sr. João, a
quatro anos recebe um salário de 20.000kz em uma empresa em que
trabalha como auxiliar de compras, visto que, durante estes quatros anos, os
preços dos bens tiveram um aumento médio de 35%, e não se percebeu nenhum
aumento ou correção salarial do mesmo, o que ocorre é que, o salário deste já
não cobre as despesas que cobria a quatro anos atrás, antes da subida
generalizada dos preços, o que automaticamente lhe levará a consumir ou
demandar menos produtos que antes. Olhando para a macroeconomia, quando a
população em geral consome menos em função da depreciação salarial,
automaticamente a economia desacelera, porque se consome menos, se consumindo
menos se produz menos, e com isso a tendência é que a taxa de desemprego venha
a crescer, visto que, quem produz são os empregados, e se consumindo/produzindo
menos o conveniente é que empregadores venham a descartar a mão de obra
excedente ou desnecessária. Em parte, isto é o que está
acontecendo em Angola.
| INFLAÇÃO E INVESTIMENTOS!
Na formação de expectativas, diante da
imprevisibilidade da economia, o empresariado tem reduzido seus investimentos
(principalmente o investidor estrangeiro, atendendo a fragilidade da
macroeconomia). No mercado de capitais causa migração de aplicações monetárias
para aplicações em bens de raiz, como terra, imóveis ou para outros
mercados onde a exposição a riscos é menor.
Um dos grandes efeitos da inflação em
Angola tem sido as altas nas taxas de juros, fazendo com que as instituições
financeiras dificultem o acesso ao crédito. Pois, com o desiquilíbrio de
preços, os bancos sabem que muitos clientes poderão encontrar dificuldades em
honrar seus compromissos, por isso, as regras para concessão de crédito ficam
mais rígidas. Para que um investimento gere retorno para o investidor, é
necessário que seus ganhos ultrapassem os números da inflação. Caso contrário,
o dinheiro investido se desvaloriza.
Consequentemente, o rendimento da
poupança dos angolanos vem caindo, pois, é justamente a inflação umas das
grandes responsáveis por esse cenário (a proporção marginal a consumir da renda
disponível aumentou drasticamente).
Conforme Adam Smith, em uma de suas
celebres frases, argumenta que, “o consumo é a única finalidade e o único
propósito de toda produção”. Isto é um facto, pois, toda produção ou
serviço prestado é destinado ao consumidor final. Quando o consumidor se vê
coibido a consumir mais por causa da inflação ou outro motivo qualquer que
seja, automaticamente os investidores passarão a produzir/vender menos. Visto
de forma mais ampla, é a contração do Produto Interno Bruto, é o baixo
crescimento do país. Quem acaba “sentindo na pele” o peso da inflação em Angola
são as famílias de baixa renda, que por sinal, representam a maior parte da
população.
| E AGORA, O QUE FAZER?
Em menos de dois anos a inflação caio
mais da metade, de 42% para 19%, isso significa que já se tem feito alguma
coisa em prol do equilíbrio de preços, mais 19% ainda é um número considerado
alto. É necessário aumentar a confiança dos investidores e dos consumidores
(Confiança e consumo em baixa acabam derrubando os investimentos), diminuir
incertezas e melhorar a previsibilidade dos agentes econômicos, pois, para o
curto prazo não há muito que se fazer, mas no médio e longo prazo as coisas podem
melhorar, evitar gastos desnecessários do governo, maior aposta no setor
produtivo da economia, proporcionando geração de emprego e renda, reduzir a
taxa de juros para investimentos diretos na medida que a inflação for
diminuindo, diversificação da macroeconomia para redução de riscos, isenção de
impostos em bens de capital e bens de primeira necessidade, pois, ainda somos
muito dependentes da importação destes, e uma alta carga tributária vem
causando uma inflação de custos, pois todo gasto é repassado para o consumidor
final.

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