
Nos últimos dias testemunhámos, sobretudo pela rede social Facebook, a realização de Cerimónia de Outorga de licenciados (e mestres) das distintas Universidades do país.
Pelos vistos, é provável aferir que 'numa em cada cinco famílias angolanas', pelo menos um dos seus membros tornou-se licenciado em 2017/2018. Assim, apesar de muitos virem a objectar, este facto, constitui um marco para o país e, em grande medida, um modesto salto para a melhoria da qualidade de vida das populações!
Mas, há um problema na "tese" acima exposta. "Se o mercado de emprego não está preparado o suficiente para absorver todos os "licenciados" como é que estes irão melhorar o nível de vida de suas famílias? Dito, de outra forma, onde irão trabalhar? Como aumentarão as suas rendas? Uma vez que "ME TORNEI LICENCIADO(A). E AGORA?" — talvez questione, preocupado em obter uma reposta urgente. Acompanhe...
2. O QUE É MESMO A UNIVERSIDADE?
Se não lhe ocorre a resposta agora, não faz mal.
Entretanto, infelizmente, hoje é possível dizer, sem correr demasiados riscos, que muitos dos estudantes que ingressam para o Ensino Superior não sabem ao certo, "qual é o seu papel na Universidade" e/ou "qual é o papel destas na Sociedade". Pior ainda, é o facto de as famílias (ou, se quisermos, a Sociedade) nos venderem a "falsa-verdade" de que só teremos uma vida [pessoal] profissional de sucesso se "cursarmos a faculdade", conforme nos lembra o Dr. Domingos das Neves:
"Passamos o tempo a vender aos jovens a 'falsa' ideia de que ‘só vais te safar na vida (profissional) se tiveres um diploma de uma universidade’. Dai que alguns vão até mais longe, afirmando que o desenvolvimento de Angola se faz com gente de mérito e com intelectuais." [1]
A Universidade, grosso modo, assim como a Igreja, a Família e a Sociedade, constitui um agente social de excelsa importância, um agente de mudança. Desta forma, a Universidade deve ser um agente de socialização cuja missão visa instrumentalizar o "universitário" para que se torne o principal protagonista da mudança social, comprometido em trazer soluções para os problemas que enfermam a Sociedade.
Queremos com o acima exposto dizer que um estudante universitário é, antes de patriótico, um altruísta; alguém que não se compraz com o conformismo, mas que se compadece com os desafios sociais... De modo que o imediatismo, o materialismo, bem como o enriquecimento desmedido NÃO CONSTITUAM O FIM ÚLTIMO DE SUA CARREIRA ESTUDANTIL.
3. O QUE DEVO FAZER, ENTÃO?
Muitos universitários são invadidos por uma "crise vocacional", quando terminam a FACULDADE, por não saberem o seu 'papel' no roteiro do tecido social. Outros, são invadidos por uma crise profunda, quando não conseguem um emprego (ou 'bom' emprego) e, por tanto, vejam frustrados o seu sonho de TER UMA 'BOA VIDA' — OU UMA VIDA FINANCEIRA ABASTADA.
Penso que você já ouviu, mas deixe lhe recordar que existe muita gente pelo mundo afora que ganhou o seu PRIMEIRO MILHÃO OU BILIÃO antes mesmo de cursar a FACULDADE (ou de ter concluído). Os mais conhecidos são o Bill Gate (Dono da Microsoft) e o Mark Zuckerberg (Dono do Facebook). Neste enquadramento, "O 'CANUDO' UNIVERSITÁRIO NÃO PODE E NEM DEVE SER A ÚNICA SAÍDA PARA O SUCESSO..." (NEVES, 2017).
4. À GUISA DE CONCLUSÃO — ALGUMAS DICAS DE BASE
Não sou um "coach" certificado por uma universidade norte-americana nem um psicólogo ou sociólogo especialista em orientação vocacional, mas penso que sou uma VOZ AUTORIZADA para tecer algumas reflexões em torno do "Universitário e da Escola da Vida".
Após a licenciatura (pese embora existam fortes correntes que 'desaconselham' o técnico médio a ingressar a uma universidade) os estudantes devem preocupar-se com projectos de empreendendorismo, estruturar planos de negócio, criar networking, participar em bootcamps, contactar encubadoras de empresas, estabelecer parceiras, etc.
Arranjar um bom emprego, ganhar um 'bom salário', ter uma boa casa e casar-se... parece um itinerário muito trivial que não preenche o nosso 'vazio existencial'.
Ou, se assim optar, para dar uma 'guinada em sua 'vida normal' dedique-se afincadamente, por exemplo, em um 'projecto social', faça voluntariado, uma Pastoral voltada à causa dos jovens, crianças, mulheres ou idosos.
Com a pouca 'renda que conseguir' faça investimentos sociais. Leia, escreva, crie e exorta através da escrita — MUDE A SUA HISTÓRIA E DAQUELES QUE SE REVÊEM em si.
Em súmula, faça tudo o que puder, com o puder, onde puder... seja um "universitário", um agente social, interventivo e investigador dos problemas do país, na sua esfera de especialização, buscando soluções eficientes para a sua resolução.
Quando os universitários tomarem consciência da relevância do seu papel na Sociedade e relegarem em segundo plano 'o enriquecimento desmedido' como fim de suas vidas, o sistema universitário ganhará um novo capítulo de sua história (e os jovens universitários tornar-se-ão mais felizes), cujo excerto cada um de nós está convidado a averbar!
Um forte abraço e esteja com Deus.
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[1] Entretanto, discordamos da segunda parte da sua sentença — uma vez que o Professor 'atribui' a meritocracia e a intelectualidade" somente às pessoas formadas (strictu sensu), conotando tais locuções como pejorativas. Em nossa humilde opinião, salvo outra contrária, "gente de mérito" e "intelectuais" encontramos em todas as esferas da Sociedade.
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REFERÊNCIAS
NEVES, Domingos das. "REPITO: O 'CANUDO' UNIVERSITÁRIO NÃO PODE E NEM DEVE SER A ÚNICA SAÍDA PARA O SUCESSO...". 2017, Luanda.

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