
OBS: No decorrer do texto, trechos em vermelho foram retirados do artigo a ser refutado.
A ideia central do liberalismo econômico é a defesa da emancipação da economia
de qualquer dogma externo a ela mesma, ou seja, a eliminação de interferências
provenientes de qualquer meio na economia. Começarei concordando com o autor no que tange a
necessidade de recuperação desta uma década e meia perdida ou deitada fora,
mas, mediante dados e factos de fácil observação é um equívoco atribuir ao
então chamado “Liberalismo Econômico” a causa desta perda.
Angola consta na lista dos piores países para se fazer negócios, e um dos critérios utilizados foi: conseguir permissão para operar/altas taxas de tributação, o que impede o surgimento massivo de novos investimentos no país. Em suma, é a má gestão do governo impedindo a diversificação do setor empresarial - impedindo a formação de emprego e renda para os angolanos.
O setor público em Angola é o que mais emprega (nomeadamente setor de energia e água) por conta de o setor privado ser “mutilado” e impedido de crescer, apenas 1,8% da população ativa trabalha na indústria (sendo este, o setor que mais estimula o crescimento de qualquer macroeconomia). O baixo índice de empregos gerados nesse setor claramente demostra sua pequenez. Durante anos o governo não foi capaz de solidificar uma base industrial bem como vem impedindo os privados de o fazer. Basta olhar para o sistema económico que vigorou no país de 1975 – 1992.
Pelo simples facto de acharmos que o fundamental não é o capital ou o lucro, remetemos o país durante anos a uma escassez de produção interna (seja nacional ou estrangeira), escassa diversificação macroeconomia e outros males que assolam os angolanos até então.
A busca pelo lucro não deve ser associada ao desmerecimento da vida, da pessoa ou da liberdade em sua definição mais profunda, “como fez o autor a ser refutado”. Afinal, lucro é simplesmente o nome que a contabilidade atribui a uma situação em que a receita é maior que os custos, o contrário seria prejuízo. A busca incessante pelo lucro por parte dos capitalistas acaba alargando meios ou alternativas de escolhas por parte do consumidor, a concorrência em si, e a escolha dos consumidores, sem a necessidade de um regulador acaba tirando do mercado quem põe em risco sua liberdade na forma mais profunda.
A cada novo dia, indústrias buscam estudar e aprimorar seus métodos de produção de forma a atender a cada solicitação de demanda, respeitando as pessoas, a vida, bem como a liberdade, pois, sem isto elas deixam de existir comprometendo negativamente seus lucros. (embora devamos considerar o facto de muitas empresas desrespeitarem a vida humana e animal por ganância ao lucro, isto, nada tem haver com aquilo que vem a ser a essência do liberalismo). A busca pelo lucro e o respeito a definição mais profunda da liberdade têm uma relação diretamente proporcional, pois, sem o respeito a este último não a lucro.
É contraditório quando o autor argumenta que é necessário restringir o liberalismo econômico de forma a respeitar as pessoas, a vida ou a liberdade. A liberdade na sua definição mais profunda deve considerar também a liberdade econômica.
As razões socioculturais, que fundamentam os objetivos teóricos defendidos, têm de “obrigar” a economia a estar submetida as condicionantes políticas decididas por quem detém este poder de representatividade. Mais uma vez contraditório, falar do respeito a liberdade ao mesmo tempo que fala em “obrigação”, obrigar significa coagir, forçar, compelir, ter necessidade de..., a economia envolve o processo humano nas tomadas de decisões, e é importante considerar cada opção de escolha - escolha envolvem utilidade, o governo jamais poderá medir a utilidade que cada individuo encontra ao escolher este ou aquele produto. O problema da atual macroeconomia angolana não é o liberalismo econômico, até porque angola está longe de ser considerado um país liberal, o problema sempre foi a má gestão e intervenção desnecessárias de um governo que não respeita seu povo.
Concernente ao “atraso civilizacional”, é um erro atribuir isto ao liberalismo, o liberalismo não é uma imposição ou obrigação, não funciona a base da força ou decretos conforme o autor sugere que o seu governo atue, cada sociedade é livre de saber preservar seus ideais, cada família é livre de preservar suas tradições. Muito pelo contrário, o liberalismo abre oportunidades para cada sociedade mostrar ao mundo o conjunto de aspetos peculiares à vida intelectual, artística, moral e material de seu povo.
Conforme Mises em “Ação Humana”, a economia de livre mercado não apenas é superior a qualquer sistema planejado pelo governo, mas em última análise, serve como base da própria civilização.
O que Reagan e Tatcher fizeram foi nada menos que a abertura de caminhos para a liquidação do comunismo, na verdade dando um empurrão num longo processo de erosão e decadência que acabou resultando na eliminação deste sistema utópico e desastroso, que até agora tem falhado nas suas diversas tentativas de implementação, a mais recente vítima chama-se Venezuela.
É irônico atribuir ao liberalismo a causa do desaparecimento do “mapa” da melhoria do nível de vida da população, do desenvolvimento e do emprego, “como frisou o autor a ser refutado”. Qual sistema proporcionou maior desenvolvimento econômico e social ao mundo quando comparado ao liberalismo econômico!?, o que o comunismo trouxe de desenvolvimento e evolução para o mundo ou para Angola especificamente!?
[...] uma economia de mercado só pode funcionar corretamente num quadro institucional, político e ético que lhe garanta a estabilidade e regulação. Não necessariamente, muito pelo contrário, o “excesso” de regulações acabam por condicionar negativamente a boa dinâmica de qualquer economia de mercado, ninguém melhor que, ofertantes e demandantes para regular o mercado com suas decisões de escolha, o Estado necessário em uma economia é aquele que não atrapalhe nossas decisões de escolha ou consumo.
[...] que resultará numa maior degradação das condições de vida das populações, e num aumento de riqueza de meia dúzia dos verdadeiros bandidos que concentram hoje, maior riqueza do que mais de dois terços dos trabalhadores de todo o mundo. Qual é o problema com a concentração de riqueza ou com a desigualdade social, isto sempre vai existir e qualquer tentativa de inversão será uma tentativa falha, como sempre digo, a questão não deve ser a “eliminação das desigualdades”, mas a “eliminação da pobreza” os grandes capitalistas, comerciantes, produtores ou inovadores do mundo concentram maior parte da riqueza, mas suas invenções muito contribuíram também para a “eliminação” da pobreza, ou seja, o padrão de pobre hoje não é o mesmo de a cinquenta anos atrás, hoje em dia um pobre tem acesso a máquina de lavar, a uma TV, a um celular, a um ventilador... etc. Isso graças ao liberalismo econômico (muitos capitalistas dependeram de financiamentos estatais para poderem proporcionar grandes avanços ao mundo graças as suas invenções, e até hoje é comum enxergamos isto, entretanto, não é justo identificarmos o Estado apenas como um mal que precisa ser erradicado na totalidade, porém, suas intervenções desnecessárias precisam ser banidas).
Quem concentra maior parte da riqueza em Angola são corruptos associados ao governo, não são capitalistas, não é o liberalismo econômico, seria bom se fossem capitalistas, assim estariam gerando emprego e renda para o país graças ao esforço de seus trabalhos. Deixar a economia dependente de um poder político central, principalmente em um país como Angola é aumentar o poder de barganha dos corruptos que nada produzem e desviam fundos públicos, estes são os verdadeiros bandidos, os verdadeiros causadores do nosso atraso económico. Graças a estes, durante anos ocupamos o top 10 dos países mais corruptos do mundo.
O problema de Angola nunca foi o liberalismo
econômico, muito pelo contrário, o liberalismo pode ser uma das possíveis
soluções

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