Angola, um país que até então consta na lista dos países habitualmente chamados “países do terceiro mundo”, ou seja, países que possuem economias pouco desenvolvidas ou retardatárias. Com a globalização econômica e a crescente dinâmica dos mercados internacionais, é raro encontrarmos países que não têm relações econômicas com outros, tais relações que na maioria dos casos vão muito além do “importar e exportar”. Atendendo a teoria das vantagens comparativas, inicialmente formulada pelo economista David Ricardo, é muito normal um país importar de outros, desde que, este processo seja menos custoso do que produzir internamente.
Assim como o “resto do mundo”, Angola tem mantido relações econômicas com outros países, exportando e importando bens e serviços, acedendo a contratos internacionais e acordos políticos diversos. Mas, quem são os países com os quais Angola vem mantendo suas principais relações, quem são os maiores parceiros econômicos de Angola e quais as vantagens e desvantagens constatáveis em tais relações.
Para qualquer Estado-potencia, a “proximidade” de outro significa restrição de sua liberdade de decisão política, porque ele precisa mostrar consideração pelo outro Estado-potencia. Para todo Estado-Potencia é conveniente estar “cercado” dos Estados mais fracos possíveis ou, pelo menos do menor número possível de outras potências. Passagem extraída do livro cujo título é: Max weber e a Política Alemã, de MAYER P. Jacob.
Curiosamente, Angola, um Estado socioeconomicamente fraco, está “cercado” (“cercado” no sentido de manter relações, dispensa-se aqui o sentido geográfico ou regional da palavra) de estados-potencia. Nomeadamente China, Portugal, Rússia e Coreia do Sul (Países membros do G20), este último que tem se tornado num grande exportador de bens para Angola.
Em momento algum o texto visa desacreditar da eficiência que possa existir em relações políticas ou econômicas entre dois países ou mais (seja Estado-potencia ou não), mas, analisar de forma breve até que ponto estas relações acabam sendo favoráveis para o país.
Conforme exposto por Peter Drucker no livro “As fronteiras da administração”,
historicamente países subdesenvolvidos pagam pelas importações de bens de
capital com a exportação de bens primários e de extração vegetal, minerais e
metais. O que é facilmente observável na maioria dos estados economicamente
fracos face a dificuldade que muitos deles apresentam quando o assunto é
“industrialização econômica”. O que não é necessariamente um problema, mas
torna-se um, quando estes países se acomodam nesta dinâmica, não explorando
outros setores de sua macroeconomia que poderiam proporcionar menos custos do
que importar. É possível, sem microscópio, diagnosticamos este problema na
economia angolana, onde a muito, (quase duas décadas de paz) os principais bens
de importação são produtos alimentares, bebidas, produtos
vegetais e equipamentos elétricos, produtos estes, que são
importados não porque fica mais caro produzir internamente, mas, porque temos
sido de alguma forma forçados a viver deste processo, mediante acordos de
negócios a longo prazo, dependência de terceiros e principalmente políticas de
industrialização inexistentes.
Nenhum comerciante que aufere grandes lucros com vendas de rosas e margaridas
vai estimular os seus clientes a plantar rosas e margaridas no jardim de suas
casas. Uma
das formas de minimizar os altos índices de desemprego no país séria travar os
grandes volumes de bens importados - Travar no sentido de criar condições e
estrutura para que agentes económicos possam operar - provisionar concorrência
mediante a geração de produtos nacionais para competir com os produtos
estrangeiros, provisionar maior variedade e qualidade ao consumidor final. Isso
trará produção interna e o consequente aumento da taxa de emprego, facto que
imediatamente causaria aumento no índice de desemprego (provavelmente) na
China, Coreia do Sul e Portugal (que são os países de onde provém maior parte
das importações de Angola). Por conta disto, no decorrer do tempo Estados-potencias
visam criar meios ou estratégias de continuar negociando ou vendendo para
Estados-fracos.
Curiosamente, nenhum país da África Austral tem como principal parceiro econômico um outro país desta mesma região, assim como Angola, os outros países encontram-se na mesma situação, muito por conta disso, não só Angola tem sido fortemente afetada pela "volatilidade da economia internacional”, mas a região toda. Para promover o desenvolvimento regional (África Austral ou SADEC), é necessário que haja relação dos países membros, que estejam fortemente envolvidos e cooperando para superar os problemas que os afeta, através de relações em cadeia, visando impulsionar as principais atividades econômicas de cada país, criar e fortalecer o setor industrial de tal forma que as empresas atuantes em cada país também estejam ativamente expostas na vizinhança.
Existe uma relação diretamente proporcional entre industrialização e nível de emprego, visto que, este setor acaba movimentando outros setores da economia, quando nasce uma indústria, centenas de empregos nascem com ela, o efeito contrário é aceitável, pois, quando uma indústria declara falência arrasta consigo alguns empregos ou empregados.
A teoria econômica ensina que os fatores de vantagens comparativas da economia real – custos e produtividade de mão de obra, custos de matéria prima, custos de energia, custos de transporte e assim por diante – determinam a taxa de câmbio, todo este custo é repassado para o país importador na aquisição do produto final, determinando assim uma taxa de cambio mais alta ou mais baixa (dependendo da variação dos custos). Mediante fatos, é viável afirmar que, na economia mundial procura-se explorar a desarmonia entre as economias em vez de harmonizar as necessidades existentes. Muito por conta disso, quanto menos uma economia é negativamente afetada por fatores externos melhor para sua macroeconomia, pois, mais autônoma ela é.

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