Faço questão de no primeiro paragrafo de minha argumentação começar ressaltando que, o titulo do artigo não deve nos remeter ao desmerecimento ou banalização dos que aqui serão chamados politicamente desinformados, bem como salientar que, apesar da maioria da população angolana não acompanhar a dinâmica socioeconómica, existem alguns (a minoria) que aqui serão denominados “mentes pensantes” que vêm lutando, interferindo e de alguma forma tentar chamar atenção ou despertar aqueles que são capazes de mudar o rumo de uma nação, (a sociedade em geral). No decorrer do texto será empregue a palavra revolução, o que não significa mudança totalitária ou erradicação de um “paradigma”, mas sim, mudanças marginais, passivas e adaptáveis a realidade da sociedade.

Conforme o desenrolar do tempo e da história, grandes mudanças sempre foram motivadas por mentes pensantes, é comum ouvirmos aquele ditado antigo, “não há revolução sem crise”, assim como a revolução sucede a crise, mentes pensantes, instruídas e informadas precedem revoluções.

Em Angola, quadros natos, qualificados e comprometidos com a mudança social representam uma gota de água no oceano de “pessoas ignorantes ou politicamente desinformadas”, mediante tal realidade, qualquer tentativa de revolução na maioria das vezes acaba sendo uma tentativa frustrada, visto que, a maioria dos oprimidos (oprimidos pela ignorância e desinformação) tem dificuldade em se identificar como sujeitos ativos no processo de mudança, o que acaba impossibilitando o alcance de melhores resultados possíveis quando tentativas de mudanças são feitas.

Uma sociedade politicamente desinformada pode ser entendida aqui como aquela incapaz de questionar, sugerir, interferir ou participar de alguma forma, ativa ou passiva nas tomadas de decisões que envolvem o bem-estar da sociedade em geral. Onde a “inocência” os condiciona a ver os problemas que os afeta diretamente sem fazer questionamentos, pelo simples facto de desconhecerem seus direitos, (considerando o caso em que a lei garante tais direitos) não se sentem no dever de tentar mudar alguma coisa.

Conforme exposto por Alfred Marshall no livro “Princípios de Economia”, existem grandes contingentes da população, tanto nas cidades como no campo, que crescem com insuficiência de alimentos, de vestuários e de alojamentos, com educação sedo interrompida a fim de irem ganhar o sustento no trabalho, ocupando-se desde então durante longas horas de esforços exaustivos com corpos mal nutridos, e não tendo assim oportunidade de desenvolver suas mais faculdades mentais, embora suas vidas não seja necessariamente insalubre ou infeliz.

Preocupado com a situação politica-social-económica da Alemanha após o governo Bismark, Max Weber expõe que, o mesmo, criou apenas instrumentos para o poder, mais não sucessores, e deixou uma nação desprovida de educação política, mediante tal facto, Weber pode sentir a fraqueza política dos opositores de Bismark. Tal situação pode ser vista na sociedade angolana, onde aqueles que combatem os males sociais não são necessariamente fracos, mas insuficientes mediante tantas coisas passiveis de mudança e resolução. A educação política de um seculo não pode ser refeita em uma década e a dominação de um grande homem nem sempre é uma forma de educação política, diz Weber.

Para que as próximas gerações não sejam consideradas politicamente desinformadas, o esforço desenfreado para que isto aconteça deve começar agora. Em uma de suas famosas e inspiradoras frases, Nelson Mandela diz o seguinte: “As vezes cabe a uma geração ser grande, e essa geração pode ser a nossa”. Embora a geração atual de angolanos esteja longe de ser grande (ao meu ver), estamos pertos de começar abrindo portas para que a próxima geração de angolanos comprometidos com o bem e o desenvolvimento seja “grande”.

Concluindo, embora o texto seja parcialmente subjetivo face a objetividade do tema, limitei-me numa abordagem mais conceitual de forma a servir como preliminar para abordagens ou argumentações futuras. Por uma Angola melhor para todos, por menos desinformados políticos.


Por: Alexandre F. Quinguri – AllQuing.
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