
Alguns países africanos
já pagam o preço de uma guerra que, aparentava, não ter nada a ver com o
continente.
Recentemente o governo
dos EUA suspendeu o status de isenção de impostos dos produtos têxteis do Ruanda
sob o Acordo de Crescimento e Oportunidades para a África (Agoa).
A economia sul-africana
tem estado a sentir o impacto da guerra comercial EUA-China de igual
modo. As tarifas impostas ao aço e ao alumínio pelos EUA afetaram diretamente a
indústria de aço e alumínio da África do Sul. Mesmo com esse impacto tão
direto, o governo da África do Sul ainda acha que o seu país se tornou “dano
colateral na guerra comercial das principais economias globais”.
Em 2018, a África do
Sul exportou para os EUA US $ 375 milhões em alumínio e US $ 950 milhões de
aço. Quase 8 000 postos de trabalho na indústria do aço e do alumínio estão em
risco, a menos que sejam encontrados novos mercados.
Os principais mercados
em toda a África também estão a sofrer com essa guerra.
Nos mercados de ações,
o impacto esta a ser amplamente sentido na Nigéria, no Quênia e na África do
Sul. O motivo é muito simples. O comércio chinês com a África aumentou 10 vezes
desde o ano 2000 e fez da China o principal parceiro comercial do continente.
Impacto sobre a indústria
africana de matérias primas
Se os produtos
fabricados na China forem afetados pelas tarifas dos EUA, os países que
sobrevivem com o fornecimento de materiais primas, principalmente africanos,
não poderão fazê-lo, impendido assim o crescimento nesses países.
Dadas essas
circunstâncias, que lições podemos tirar dessa experiência?
África fornece as
matérias-primas, a China e os seus vizinhos asiáticos processam as
matérias-primas (beneficiamento) e o mundo ocidental, incluindo os EUA,
distribuem e consomem os produtos acabados.
O problema reside agora
no facto de que o distribuidor e o consumidor – os EUA, que são mais poderosos
e influentes, também querem processar ou transformar.
Os EUA estão cientes de
que este é o estágio em que a riqueza é gerada do que o fornecimento de
matérias-primas, a distribuição e o consumo de produtos acabados.
Por estar na
extremidade inferior da cadeia de suprimentos, o continente africano não tem
poder de influenciar. Sem a transformação e o mercado consumidor, somos
levados a concluir que as nossas matérias-primas não são nada e ainda
assim continuamos a consumir produtos produzidos e distribuídos de outros
lugares.
Talvez, este seja um
alerta para as nações africanas começarem a investir na transformação visando
seus mercados locais. Já temos o que a China ofereceu ao mundo na década de
1970 – isso é mão-de-obra barata e possuímos a vantagem adicional de
matérias-primas acessíveis.
Via Martin Post. Por: Martin Machado.

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