A valorização da moeda norte-americana pode pesar no bolso do angolano, mas, ao mesmo tempo, servir de estímulo para o surgimento de uma base industrial mais sólida para o país.
Nos últimos anos os angolanos viram o Dólar disparar face ao Kwanza, em menos de 4 anos o Dólar teve uma valorização de mais de 70%. O que condicionou tal valorização foram questões internas e externas, um dos motivos da tamanha desvalorização do Kwanza foram a queda do preço do Brent, baixos índices de bens exportados e corrupção – que levou Angola a ser considerado um país de alto risco diante dos credores internacionais.
No que tange aos retornos positivos de tal dinâmica, destaca-se um possível surgimento e consolidação de uma base industrial, bem como a aposta nos demais setores de forma a diversificar a economia, estimulo no aumento das exportações e diminuição das importações de forma a equilibrar a balança comercial. Ultimamente os discursos sobre diversificação econômica têm sido constantes muito por conta desta desvalorização do Kwanza. A “ficha caio” para os angolanos, ficando claro a necessidade de diminuir a dependência do petróleo e estabelecer outros meios como fonte de geração de receita para o pais.
Se a atividade industrial aumentar, gera-se mais empregos, produtos importados mais caros podem aumentar a demanda e geração de itens nacionais. Porém, as indústrias podem ter dificuldades para importar insumos e bens de capitais como máquinas e equipamentos, no que tange ao passivo, se tiverem dívida em dólar, vão pagar mais caro para saldá-las.
Ao mesmo tempo, a alta do dólar tem pesado no bolso do consumidor angolano, com o aumento da pressão inflacionária e o encarecimento de viagens ao exterior. No mercado financeiro credores podem preferir aderir a títulos indexados ao dólar de forma a garantirem seus retornos, contraindo a emissão de crédito para pagadores em kwanza, pois, com um Kwanza desvalorizado e com tendência a desvalorizar ainda mais, a desconfiança dos credores é maior, tal questão pode condicionar negativamente a expansão de investimentos privados internos que operam com a moeda nacional, o que pode provocar uma desaceleração da economia. Portanto, é necessário que ao mercado financeiro seja dado maior atenção.
No curto prazo, a alta do Dólar tem gerado pressões inflacionarias no país, mas, caso as oportunidades forem bem aproveitadas veremos no longo prazo uma maior diversificação econômica como consequência de tal desvalorização do kwanza.
Concluindo, visto que, Angola é um país que ainda importa maior parte dos bens que consome, a alta do Dólar no curto prazo tem representado enormes dificuldades para pessoas físicas e jurídicas, no longo prazo poderá ver-se os efeitos positivos caso o governo angolano aproveite o momento para consolidar sua base industrial e diminuir a dependência de bens e serviços externos.


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