Nos últimos dias, temos acompanhado distintas mudanças ocorrendo no cenário macroeconomico nacional,  os meios de comunicação se agitaram com a suspensão das taxas aduaneiras e a nomeação do Mário A. C. de Sousa para Ministro da Economia e planeamento. 


Desde a sua posse como presidente, Lorenço já exonerou três ministros do cargo supra-citado, este último, configura-se como o numero quatro a ocupar a cobiçada e desafiadora pasta. Em média, um Ministro por ano. 

Não conhecemos ao certo as diretrizes seguidas pelo Presidente da República para nomear ou exonerar seus Ministros, o mesmo nunca justificou ao certo os reais motivos de tais nomeações ou exonerações. Entre os formadores de opinião, discute-se ainda, se tais pessoas nomeadas a cargos estratégicos e de extrema importância para o país tiveram ou têm tido realmente o poder de decisão sobre as questões que lhes são imputadas a resolver mediante pressupostos legais. Afinal, o que é preciso, ou, quais competências determinada pessoa deve possuir para se tornar um Ministro da Economia e Planeamento!? 

A presente questão me remeteu ao milenar e emblemático caso de 'José do Egito', um homem prodigioso que ajudou a direcionar a 'economia' de uma 'nação' para caminhos dignos de aceitação. Ora vejamos: 

"Gênesis 41:33 - Portanto, proveja-se agora Faraó de um homem AJUIZADO e SÁBIO, e o ponha sobre a terra do Egito". 

Ao ser alertado por Deus através de um sonho que a sua nação passaria por apertos 'financeiros', ao rei do Egito (Faraó), cabeu a inportante missão de achar alguém que fosse 'AJUIZADO E SÁBIO' para administrar a nação e dar-lhe o melhor rumo, repare que, a condição preliminar e principal foi: 'ajuizado e entendedor da matéria, alguém que soubesse realmente administrar, evitar crises e prover mantimentos para o povo'. Em função disso, o homem indicado para tal missão, foi José - por ser ajuizado e sábio. 

Voltando para Angola, é sábido que tivemos longos e felizes anos de crescimento economico, muito dinheiro entrou para o país mediante a exportação do petróleo e não só, era o famoso tempo das' vacas gordas', entretanto, faltou-nos um 'José do Egito' que fosse capaz de perceber que a economia mundial contemporânea é cíclica, que mais tarde ou mais cedo a bonança acabaria ou afrouxaria. Acabou-se o tempo da fartura (Entrada de receitas em quantia suficiente para manter a ceara dos angolanos) e a fome que já existia, aumentou e tem se perpectuado no país, ao olharmos para o Egito, percebe-se que, José deu-nos uma lição, mas os angolanos não aprenderam. Ora vejamos: 

"Gênesis 41 

47. Durante os sete anos de fartura a terra produziu com abundância;
48. e José ajuntou todo o mantimento dos sete anos, que houve na terra do Egito, e o guardou nas cidades; o mantimento do campo que estava ao redor de cada cidade, guardou-o dentro da mesma.
49. Assim José ajuntou muitíssimo trigo, como a areia do mar, até que cessou de contar; porque não se podia mais contá-lo.
56. De modo que, havendo fome sobre toda a terra, abriu José todos os depósitos, e vendia aos egípcios; porque a fome prevaleceu na terra do Egito.
57. Também de todas as terras vinham ao Egito, para comprarem de José; porquanto a fome prevaleceu em todas as terras". 

Quando olhamos para Angola, percebemos que, enquanto houve bonança, houve igualmente corrupção, nepotismo, políticas macroeconômicas falhas e fome, vale ressaltar que, mesmo na bonança, a fome sempre foi uma 'variavel' constante no país. Na contramão daquilo que José fez, deixamos de pensar na criação de um celeiro para atender as gerações futuras - os angolanos de hoj e de amanhã, o pacato cidadão. 

José ajuntou mantimentos aos seus celeiros, era tanto que servia para atender aos seus concidadãos e também 'exportar'. Nós deixamos de acumular reservas internacionais líquidas, bens de capital, infraestruturas e capital humano que fossem suficientes para ao menos aniquilar a fome, seguimos desatentos aos factores de estímulo a produção. As 'vacas gordas' (Sonangol e compahinhas) eram tão gordas que pareciam nunca mais emagrecer. 

Em momentos de grande fome, quando já não muito restava a se fazer, muitos recorriam a José para ao menos conseguirem grãos para plantar e poder colher para comer, a Bíblia frisa que alguns chegavam a vender as suas liberdades (vendiam-se como escravos) em troca de sementes. Ora vejamos: 

"Gênesis 47:23 - Então disse José ao povo: Hoje vos tenho comprado a vós e a vossa terra para Faraó; eis aí tendes semente para vós, para que semeeis a terra." 

Conforme o 'Jornal Expansão', a falta de componentes para produção de fertilizantes é um problema, com consequências para agricultura. Angola utiliza apenas 7kg de fertilizantes por hectare, quando deveria usar 40.
Só para a próxima campanha agrícola (agricultura familiar) 2021/2022, que se inicia já em Outubro, o Governo vai comprar 55 mil toneladas de fertilizantes do tipo NPK-12-24-12 Sulfato de Amónio e Ureia, que vai custar 17 mil milhões Kz aos cofres públicos, de acordo com o Despacho Presidencial n.º 139/21, de 30 de Agosto. 

Estamos a beira de uma nova recessão e o maior programa de estímulo a produção nacional (PRODESI) segue de rastos, as variáveis econômicas mais importantes seguem registando quedas, espero que, não cheguemos ao ponto de vender a nossa liberdade em troca de fertilizantes e sementes, como se deu com alguns contemporâneos de José. 

Muitos factores remeteram a economia nacional a realidade atual, fatores de natureza externa e interna principalmente, a má gestão - políticas macroeconômicas falhas, certamente foi um desses fatores. 

A narrativa de Gênesis em torno de José, leva-nos a perceber que o mesmo foi chamado não somente para colher e estocar, mas, para gerir, sendo que, no tempo das 'vacas magras', toda seara continuou sobre a sua boa gestão e tutela.
Mesmo que no mundo contemporâneo o celeiro vai além de um lugar para ajuntamento de cereais - a lição não deixou de ser dada, o índice de poupança/investimentos bruto (RIL's, Bens de Capital e Infraestruturas) em Angola segue baixo e ameaçador. 

Em nomento algum, questionei a capacidade dos homens até então já nomeados e exonerados, seus niveis de formação e experiência são de facto "invejaveis". Entretanto, a questão que deu título ao breve texto prossegue, "e se nomeassemos 'José do Egito' para Ministro da econonia e Planeamento?" Além de nomear, se deixássemos 'José do Egito' trabalhar! Sigo confiante que existem 'José's do Egito' por aqui, basta rever o modelo de seleção, basta deixar trabalhar. Foi o que fez Faraó - com ajuda dos seus conselheiros, soube nomear, igualmente soube deixar trabalhar. 

Escrito por: QUINGURI F. Alexandre.
"Nunca foi pela escassez, sempre foi por vocês"

04 de Setembro de 2021.
https://www.youtube.com/watch?v=PcuX8Vmm-hw