"Se um empresário me dizer que vai gerar 500.000 empregos em 4 anos, lhe darei o beneficio da dúvida. Se um político fazer o mesmo, lhe aconselharei a deixar de ser mentiroso"

Desde a idade da Pedra até os dias atuais, empregados são os que conseguem exercer alguma atividade produtiva e desempregados os que não achavam oportunidades para tal.
Tanto o emprego quanto desemprego surgiram antes da existencia do Estado moderno, não é tarefa do Estado (de modo direto) dar emprego ou trabalho ao pacato cidadão.

O máximo que devemos exigir é que, o governo crie meios e condições para que agentes economicos possam achar determimada fonte de renda com maior facilidade, e não que, de modo direto gere postos de empregos para população.

O problema surge quando politicos em vésperas de eleições prometem dar aquilo que não podem, ao prometer 500.000 empregos, Lourenço esqueceu que quem gera empregos a grosso modo são os empresários, os investidores - o mercado, e não uma classe política engravatada.

Até 2018, somente a folha salarial dos funcionários públicos foi responsável pela absorção de toda receita não petrolífera auferida pelo governo - Conforme o Plano de Estabilização Macroeconômica 2017-18, os indicadores demostraram que as receitas fiscais não petrolíferas foram absorvidas na totalidade pelas despesas ligadas à folha salarial. Em determinados períodos, as receitas não petrolíferas não foram sequer suficientes para cobrir aquelas despesas, consubstanciando um sério problema de sustentabilidade fiscal e de crescimento económico.

É inconsequete pedir a um governo que sequer consegue manter os funcionários que tem, para que gere mais postos de trabalho - mediante concursos públicos ou vias alternativas/semelhantes, a diminuição do Estado na economia também consiste na diminuição do alargado número de funcionários que assegura, principalmente os ociosos e os que auferem salários milionários.

De modo geral, quem dita a dinamica do mercado de trabalho são compradores e vendedores, condicionados "para bem ou para mal" pelas variações das variáveis macroeconômicas. Se o governo pudesse dar o tanto de postos de empregos que prometeu, acredito que hoje os 500.000 postos de trabalho já estariam criados. É comum vermos politicos prometendo coisas que não podem oferecer, e a promessa de gerar meio milhão de emprego foi uma dessas.

A austeridade fiscal e aumento/alargamento da carga tributaria tem sido um fardo difícil de carregar, um povo sem poder de compra é um povo "falido", a economia de mercado gira em torno do consumo, não vai haver mais emprego enquanto a classe empresarial continuar achando que as pessoas não podem demandar o que eles oferecem. As expectativas negativas condicionam a geração de novos investimentos e postos de trabalho.

Os possíveis investidores/empresários (investimentos estrangeiros) que a muito tentantamos captar, estão nem ai pra quantas pessoas vão tirar do desemprego, eles querem saber quanto vão ganhar/lucrar. Se eles não identificarem um público alvo (potenciais consumidores de seus produtos), por mais isenção que tenham, não vão aderir ao nosso mercado. Abrir uma fábrica de computadores portáteis num país onde o povo tem dificuldade de comprar arroz é inconcebível. Reconheço os esforços que estão sendo feitos de modo a reverter a situação, e não querendo somente criticar, penso que, uma das prioridades a se resolver seria a “recuperação do nosso poder de compra”, redução da inflação, taxas tributárias, desburocratização, acesso a água e energia elétrica principalmente (bens indispensáveis quando o assunto é geração de industrias transformadoras). Não foge da lógica matemática, enquanto tivermos problemas de “base” não vamos resolver equações complexas.

O alto indice de desemprego em Angola precede a era Covid. Entretanto, minha manifestação consiste em apelar ao governo para que crie medidas de forma a promover o desenvolvimento sustentável do país, maior geração de empregos será consequência de politicas macroeconomicas acertadas.

Por: Alexandre F. Quinguri | AllQuing
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